Qual o seu Propósito?! Qual o seu Destino?! Você está caminhando na direção da sua Autorrealização!? Você ao menos conhece a direção?!

Propósito

A palavra é curta e simples, mas o significado e a reflexão são muito profundos. Quando iniciamos um processo de autoconhecimento, existem algumas perguntas-chave de onde parte toda nossa investigação. A primeira pergunta é: “Quem sou eu?”. Você já se fez essa pergunta e tentou honestamente respondê-la?! É comum a resposta vir de forma indireta: Sou fulano, médico, advogado, atleta, artista, etc…, filho de tal pessoa, etc, etc… Mas, sua profissão responde, seus familiares, amigos, etc respondem quem você realmente é …. ?! A segunda pergunta é “Por que (ou para que) estou aqui?!” e a terceira “Para onde devo ir?!” Estas perguntas nos remetem à discussão sobre Propósito. E disso queremos falar e refletir hoje.

Central Chico Bento Moço: Alguns pngs do Chico Bento
Oncotô ?! Oncovô ?!

Costumo fazer uma brincadeira (carinhosa) com nossos queridos amigos mineiros (da região de Minas Gerais). O sotaque mineiro nos ajuda a pensar em Propósito de forma lúdica. Explico: nós perguntamos: Oncotô?! Oncovô?! É a forma “rapidinha” e que vai concatenando as palavras do jeito “mineirês” de falar: “Onde é que eu estou? e “Para Onde é que eu vou?”. Saber onde estamos, e para onde queremos ir é muito importante, pois direciona nossas ações, nossa energia e esforços para buscar algo. É muito pouco eficiente conhecer uma cidade sem um mapa na mão e/ou sem saber onde nos encontramos neste mapa. Quando não sabemos o que queremos, passamos muito tempo, à deriva, sem saber aonde chegar… e muito provavelmente chegamos a lugar algum.

Rio Ganges (Ganga) in Rishikesh, India

A vida é como um curso de rio

A vida é como um rio, tem sua nascente, seu curso e sua foz, onde tudo deságua. O início e o fim são conhecidos. Nascemos, damos o primeiro sopro e choramos. Ao final, morremos e partimos. Portanto, alfa e ômega são conhecidos, Com 100% de certeza, nosso destino está definido. O importante é o que fazemos nesse meio tempo. Se conseguirmos minimamente saber por onde queremos passar, o que queremos visitar, conhecer, aprender, certamente nossa trajetória por aqui será mais produtiva, mais prazerosa, eficaz, fluída, rápida e menos dolorosa. Não ficaremos desviando e nos enroscando pelo caminho, muito menos nadando na direção contrária da nossa verdadeira vocação. Costumo dizer, que não estamos aqui ao acaso, nem de férias. Estamos aqui por um motivo, por um propósito. Daí a importância de refletirmos, meditarmos e buscarmos o nosso Propósito nesta vida. Quanto antes o descobrirmos, mais poderemos nos dedicar a ele.

Na última postagem, quando falamos sobre Mantras, deixei como referência uma canção, que ousei chamar de mantra, pelo poder que carrega consigo em suas palavras. Essa canção nos fala do curso de um rio. Ela diz: “The river is flowing, flowing and growing. The river is flowing down to the Sea.” “O rio está fuindo, fluindo e crescendo. O rio está fluindo em direção ao Mar”. Este rio é a nossa vida, nossos aprendizados e nossa evolução durante essa existência, plano, encarnação, enfim como prefiram chamar segundo sua tradição… A vida flui inevitavelmente, com maiores ou menores percalços, com mais ou menos correnteza, com mais ou menos pedras e obstáculos. O rio flui inevitavelmente em direção ao Mar. Nossos ciclos de vida vão se sucedendo e a vida flui inevitavelmente em direção ao Universo, ao Todo. Este rio é uma oportunidade única para nossa alma percorrê-lo, aprendendo com os desafios e superações que ele nos impõe. Independente do trajeto que escolhamos entre seus afluentes, sempre haverá aprendizados e sempre voltaremos ao Mar. Podem ser caminhos mais longos, mais curtos, quedas íngremes ou suaves.

Escolher “bons afluentes” nos ajuda a ter experiências mais proveitosas. Daí a importância de refletirmos sobre o que queremos desta vida? Que afluentes podem nos trazer uma jornada mais proveitosa. A vida é feita de escolhas e decisões. Escolhemos e decidimos a todo momento. Cada uma destas escolhas nos leva por afluentes e caminhos distintos, porém ao final o destino é sempre o mesmo, o Mar.

Medicina Xamânica

Este sou Eu: uma aposta única

Certa vez, quando visitei os Andes, tive a oportunidade de me encontrar com um descendente dos Incas, para uma consulta sobre o meu Mapa Xamânico. Logo no início da conversa, ele me disse o seguinte: “Você é uma aposta única do Universo. Cada pessoa que passa por aqui é uma aposta única do Universo. Não existe dois iguais. Existe uma expectativa do Criador, de que você possa através desta combinação de variáveis que o tornam único, criar coisas que tornem este mundo melhor. Se você entregar um mundo melhor do que aquele que recebeu, essa aposta do Criador terá sido bem sucedida. Agora vou ajudá-lo a conhecer suas habilidades…” e começou a interpretar meu mapa Xamânico, uma roda de medicina xamânica. Essa conversa ficou marcada na minha alma. Não esquecerei jamais. Naquele momento, ele resumiu o propósito da nossa vida: um caminho individual com propósito coletivo. A nossa experiência na vida, na matéria, serve para que possamos individualmente compreender a importância do Todo. Sim, é um Paradoxo, de fato. Enquanto você é Tudo, não consegue claramente perceber a contribuição de um indivíduo. Enquanto você é um indivíduo, é difícil perceber que você faz parte de um Todo. Em outras palavras, Enquanto você é um Oceano, não dá importância às suas gotas. Enquanto você é uma gota, você se esquecesse que no fundo, você é o próprio Oceano…

Este(a) sou Eu – Keala Settle, The Greatest Showman Ensemble

I am not a stranger to the dark
Hide away, they say
‘Cause we don’t want your broken parts
I’ve learned to be ashamed of all my scars
Run away, they say
No one’ll love you as you are
But I won’t let them break me down to dust
I know that there’s a place for us
For we are glorious
When the sharpest words wanna cut me down
I’m gonna send a flood, gonna drown ‘em out
I am brave, I am bruised
I am who I’m meant to be, this is me
Look out ‘cause here I come
And I’m marching on to the beat I drum
I’m not scared to be seen
I make no apologies, this is me
Oh-oh-oh-oh
Oh-oh-oh-oh
Oh-oh-oh-oh
Oh-oh-oh-oh
Oh-oh-oh, oh-oh-oh, oh-oh-oh, oh, oh
Another round of bullets hits my skin
Well, fire away ‘cause today, I won’t let the shame sink in
We are bursting through the barricades and
Reaching for the sun (we are warriors)
Yeah, that’s what we’ve become (yeah, that’s what we’ve become)
I won’t let them break me down to dust
I know that there’s a place for us
For we are glorious
When the sharpest words wanna cut me down
I’m gonna send a flood, gonna drown ‘em out
I am brave, I am bruised
I am who I’m meant to be, this is me
Look out ‘cause here I come
And I’m marching on to the beat I drum
I’m not scared to be seen
I make no apologies, this is me
Oh-oh-oh-oh
Oh-oh-oh-oh
Oh-oh-oh-oh
Oh-oh-oh-oh
Oh-oh-oh, oh-oh-oh, oh-oh-oh, oh, oh
This is me
And I know that I deserve your love
(Oh-oh-oh-oh) There’s nothing I’m not worthy of
(Oh-oh-oh, oh-oh-oh, oh-oh-oh, oh, oh)
When the sharpest words wanna cut me down
I’m gonna send a flood, gonna drown ‘em out
This is brave, this is bruised
This is who I’m meant to be, this is me
Look out ‘cause here I come (look out ‘cause here I come)
And I’m marching on to the beat I drum (marching on, marching, marching on)
I’m not scared to be seen
I make no apologies, this is me
When the sharpest words wanna cut me down
I’m gonna send a flood, gonna drown ‘em out
I’m gonna send a flood
Gonna drown ‘em out
Oh
This is me

Eu não sou um estranho no escuro
Esconda-se, eles dizem
Porque não queremos suas peças quebradas
Eu aprendi a ter vergonha de todas as minhas cicatrizes
Fuja, eles falam
Ninguém vai te amar como você é
Mas eu não vou deixá-los me transformar em pó
Eu sei que há um lugar para nós
Pois somos gloriosos
Quando as palavras mais afiadas querem me cortar
Vou enviar uma inundação, vou afogá-los
Eu sou corajoso, estou machucado
Eu sou quem devo ser, esta sou eu
Cuidado porque aqui vou eu
E eu estou marchando no ritmo que eu toco
Não tenho medo de ser vista
Eu não peço desculpas, sou eu
Oh-oh-oh-oh
Oh-oh-oh-oh
Oh-oh-oh-oh
Oh-oh-oh-oh
Oh-oh-oh, oh-oh-oh, oh-oh-oh, oh, oh
Outra rodada de balas atinge minha pele
Bem, comece a falar porque hoje, eu não vou deixar a vergonha penetrar
Estamos rompendo as barricadas e
Alcançando o sol (somos guerreiros)
Sim, é isso que nos tornamos (sim, é isso que nos tornamos)
Eu não vou deixar eles me transformarem em pó
Eu sei que há um lugar para nós
Pois somos gloriosos
Quando as palavras mais afiadas querem me cortar
Vou enviar uma inundação, vou afogá-los
Eu sou corajoso, estou machucado
Eu sou quem devo ser, esta sou eu
Cuidado porque aqui vou eu
E eu estou marchando no ritmo que eu toco
Não tenho medo de ser vista
Eu não peço desculpas, sou eu
Oh-oh-oh-oh
Oh-oh-oh-oh
Oh-oh-oh-oh
Oh-oh-oh-oh
Oh-oh-oh, oh-oh-oh, oh-oh-oh, oh, oh
Este sou eu
E eu sei que eu mereço o seu amor
(Oh-oh-oh-oh) Não há nada que eu não seja digno
(Oh-oh-oh, oh-oh-oh, oh-oh-oh, oh, oh)
Quando as palavras mais afiadas querem me cortar
Vou enviar uma inundação, vou afogá-los
Isso é corajoso, isso está machucado
Este é quem eu devo ser, este sou eu
Cuidado porque aqui vou eu (cuidado porque aqui vou eu)
E eu estou marchando no ritmo que eu toco (marchando, marchando, marchando)
Não tenho medo de ser vista
Eu não peço desculpas, sou eu
Quando as palavras mais afiadas querem me cortar
Vou enviar uma inundação, vou afogá-los
Vou enviar uma inundação
Vou afogá-los
Oh
Este sou eu

Normose

Estamos vivendo um momento muito importante em relação ao reconhecimento das diferentes formas de expressão. O reconhecimento do valor da diversidade na sociedade, nas empresas, tem sido amplificado na última década. Isso permite que cada um possa manifestar sua verdadeira vocação de forma mais autêntica e com menos preconceitos, que dificultam a livre expressão e que as pessoas possam atingir seu potencial máximo. Quando falamos de autorrealização, para que ela seja possível, é importante um ambiente seguro que permita a cada um entregar o seu melhor, livre de críticas e julgamentos. Preconceitos e vieses inconscientes relativos a gênero, credo, raça, deficiências, orientação sexual, entre tantos outros, apenas freiam o potencial humano.

O termo “normose” que ouvi pela primeira vez do saudoso Professor Hermógenes se referia à essa característica (ou mania?!) do ser humano de querer estereotipar e catalogar a todos segundo padrões que alguns julgam ser o normal. Hermógenes dizia: “Deus me livre de ser normal”. E ele estava corretíssimo neste sentido. Respeitar e acolher a diversidade é abrir possibilidade de pensar diferente, de encontrar novas perspectivas, de encontrar novas soluções. Como sabiamente disse Albert Einstein: “Nenhum problema pode ser resolvido pelo mesmo estado de consciência que o criou.”. Assim, precisamos que cada ser humano possa se manifestar. Talvez eu não tenha o grau de consciência necessário para entender a manifestação de outro ser, mas permitindo sua expressão, eventualmente posso evoluir também com isso. Se não permito essa possibilidade, talvez esteja condenando a minha própria evolução.

É preciso muita coragem para viver o seu Propósito porque a maioria das pessoas, imersas em suas normoses, tentarão afastá-lo do seu Caminho, projetando em você as suas histórias, experiências, frustações, preconceitos, falhas e visões distorcidas da realidade, muitas vezes por não conhecerem os seus próprios propósitos.

Gosto de lembrar desta história de Bob Marley, que claramente e corajosamente viveu o seu Propósito. Ele acreditava que podia curar o racismo e o ódio literalmente, injetando apenas música e amor na vida das pessoas. Um dia ele estava programando uma apresentação de comício pela paz, alguns homens foram a sua casa e atiraram nele. Dois dias depois ele foi até o palco e cantou. Alguém perguntou: – Por quê? E ele disse “As pessoas que tentam tornar esse mundo pior não tiram um dia de folga. Como poderia eu tirar?

O estereótipo de que todos precisam ser “pessoas normais” apenas drena o potencial do ser humano. Cada ser humano é único. Acreditar que as pessoas precisam ser “normais” é uma afronta às infinitas possibilidades de uma pessoa vir a ser. Quem acha que uma pessoa “diferente” não é coisa de Deus, não conhece verdadeiramente a Deus. Yogi Bhajan dizia: “If you can’t see God in all, you can’t see God at all”. “Se você não pode ver Deus em todas as coisas, então você não pode ver Deus de forma alguma”. Somos diversos, fomos feitos diversos. Na diversidade está a riqueza. Quando destruimos nossa fauna e flora, destruímos nossa diversidade nos tornamos mais pobres, abrimos mão de encontrar a cura para enfermidades, deixamos de aprender com o que o Criador colocou a nossa disposição. Quem enxerga o Divino verdadeiramente não subtrai, apenas soma.

If you can’t see God in all, you can’t see God at all

Yogi Bhajan

Quando todos estiverem realizando seus próprios Propósitos, de forma livre, sem amarrações, julgamentos e catalogações, quando todos viverem os seus “Swadharmas”, certamente estaremos criando a obra prima divina aqui na Terra. Ninguém deveria ser obrigado a viver uma vida que não é a sua, esteoreotipada, sequestrada, por outra pessoa que se julga sabedora da vida do outro, sem sequer conhecer a sua própria. Assim, como Shri Krishna diz a Arjuna na Baghavad Gita: “É muito melhor cumprir o dever prescrito natural de alguém, embora com um monte de falhas, do que cumprir o dever prescrito de outro, embora perfeitamente. Na verdade, é preferível morrer no cumprimento de um dever do que seguir o caminho de outro, o que é um perigo”. Seguir um caminho que não é o seu é um perigo.

Bhagavad Gita ( pensamento ) - Candeia Mobile

É muito melhor cumprir o dever prescrito natural de alguém, embora com um monte de falhas, do que cumprir o dever prescrito de outro, embora perfeitamente. Na verdade, é preferível morrer no cumprimento de um dever do que seguir o caminho de outro, … o que é um perigo

Bhagavad Gita, capítulo 3, versículo 35

O que é o Dharma ?!

Quando falamos de Oceano, da Meta, do Alvo, de onde queremos chegar, é interessante entender, inicialmente, o conceito de Dharma, conforme as tradições do Oriente.

Darma (budismo) – Wikipédia, a enciclopédia livre
A roda do Dharma no Budismo

Conforme dissemos, a tradução literal de Dharma é agir de acordo com as Leis Divinas, segundo aquilo que sustenta. Não é à toa que todas as tradições religiosas ou não, tem suas doutrinas e dogmas, ou alguma forma direta de orientar sobre o que fazer e o que não fazer. Os dez mandamentos do antigo testamento, os cinco mandamentos dos islamismo, os Yamas e Niyamas do caminho óctuplo do Raja Yoga que vimos aqui, Embora existam muitas diferenças entre as várias tradições no mundo, também existem pontos convergentes. Quando buscamos a felicidade, independente de por onde começamos, em geral nos deparamos com algumas verdades absolutas e comuns às tradições sérias. Diz-se, que a espiritualidade é como uma esfera, onde a Meta encontra-se no seu centro, mas para chegar a ela pode-se iniciar a jornada por qualquer ponto da superfície, ou seja, muitos caminhos, um mesmo destino. No Budismo, por exemplo, apesar de existirem várias tradições budistas, existem 4(quatro) poderosas reflexões, comuns a todas elas, resumidas pelo Budismo Tibetano, conforme abaixo:

  1. Preciosidade do Nascimento Humano – que basicamente está resumido na história que ouvi deste ancestral inca, dito sob uma outra tradição, mas com mesmo significado.
  2. A Impermanência – tudo muda e é passageiro, nada é estático e definitivo, a vida é energia, a energia é dinâmica. “Tudo passagem, tudo passando” é a frase que meu querido amigo Marco Schultz gosta de repetir. Também me lembra a história de Chico Xavier com seu bilhete de cabeceira de cama: “Isto também vai passar”, que ele lia todas as noites antes de dormir, independente de como tinha sido o seu dia, bom ou ruim, qualquer que fosse a situação, seu significado era sempre verdadeiro. Tudo é impermanente. Nada tem fim, nem a morte. A morte é o começo da vida e vida é o fim de outra morte. É preciso morrer para poder ressuscitar. E é preciso nascer para poder morrer. Buddha falou da 8(oito) grandes vicissitudes da vida:
    • Prazer e dor
    • Ganho e perda
    • Elogio e acusação
    • Fama e má reputação
  3. A Lei do Karma – a compreensão de que tudo o que fazemos ou deixamos de fazer tem um efeito – todas as nossas ações ou inações têm consequências. Somos herdeiros de nossas próprias ações. Karma significa ação. Através da ação realizamos as coisas, boas ou ruins. Karma é chamado “luz do mundo” porque nossas ações iluminam os caminhos pelos quais nossas vidas se desdobram. A motivação de nossa evolução de consciência é o que determina mais profundamente o resultado de qualquer ação. O que está por trás do que fazemos? do que decidimos fazer? Qual a real intenção? Diante da importância da motivação torna-se essencial conhecermos de fato: o que nos motiva?! É necessário uma tremenda coragem, honestidade e boa vontade para examinar o fundo dos nossos corações, estando atentos e conscientes, e não agindo por hábitos e condicionamentos. Sem saber quais são as nossas motivações, sem autoconhecimento, não existe consistência em nossa evolução.
  4. Falhas do Samsara – Samsara, do sânscrito-devanagari: संसार, significa “perpétuo vaguear”, ou vaguear por infinitos e intermináveis ciclos de existência. Circulamos através de todos os reinos de existência, do mais elevado até o mais baixo, conforme nossos níveis de consciência – até emergirmos do sonho da ignorância. Esse samsara se refere não apenas ao entendimento da nossa existência, mas a cada momento e a cada decisão iludida que tomamos ao longo da vida. Se estamos agindo sem consciência, estamos ampliando os ciclos de samsara. Tudo na existência tem lógica, se estamos inconscientes e tomamos decisões equivocadas essa ação (karma) não alinhado com a Verdade, com o Dharma, nos leva a situações de novamente experimentar sofrimentos para que possamos ter outra oportunidade de entendimento e de evolução de consciência. É como se repetíssemos de ano, e tivéssemos que aprender novamente, até que finalmente, compreendemos e nos tornamos mestres naquela matéria.

Essas 4(quatro) reflexões são importantes para entendimento do nosso Propósito, do Dharma, do alinhamento da nossa vida na Reta e Correta direção. Do contrário, estamos a todo momento, tomando decisões aleatórias e equivocadas, que nos levam a errar o alvo, a nos afastar da Verdade.

No Dharma unificado do Budismo Ocidental, resume-se método, expressão e essência da seguinte forma:

  • O Método é a Consciência Desperta, a chave do Presente, Mindfulness (sobre o qual investigamos na última publicação)
  • A Expressão é a Compaixão, quando nos abrimos para acolher o sofrimento, nos permitimos agir sobre a causa deste sofrimento e temos possibilidade de cura. Ao relaxar e ser gentil com tudo e todos, você já estará curando a si e aos demais.
  • A Essência é a Sabedoria, a sabedoria de compreender o que causa o sofrimento nos permite agir sobre as mesmas e minar o combustível que o alimenta. Entendendo a natureza não permanente das coisas, nos permitimos desapegar delas e libertar a mente para aquilo que simplesmente É.

Para que cada um possa viver o seu Propósito, é necessária uma mente atenta, para que possa permear a sabedoria em identificá-lo e a compaixão para permitir que os próximos possam vivenciar também os seus próprios propósitos, sem a sua interferência, os seus julgamentos e dedos que apontam. Como diz o ditado popular: “Deus deu a vida a cada um, para que possam cuidar, cada um, da sua própria”. O Dharma precisa ser vivenciado. As constatações acima somente podem ser possíveis se você as vivenciar. Do contrário são apenas palavras jogadas ao vento.

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Sidarta Gautama, o Buddha

Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque está escrito em seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas, depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão e que conduz ao bem e benefício de todos, aceite-o e viva-o. [Sidarta Gautama, Buddha]

Quando falamos de cada um viver verdadeiramente o seu próprio propósito, a partir do alicerce da Lei Divina, o Dharma, e compreendendo que suas ações, o Karma, são as que nos movem na direção do nosso destino, começamos a introduzir o conceito de Swadharma.

Pablo Picasso - Pensador
O Significado da Vida é encontrar o seu Dom, o Propósito da Vida é doá-Lo
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Swadharma, o seu alvo

Swadharma

Quando falamos de Propósito, nos remetemos imediatamente a uma palavra na tradição oriental: Swadharma. O termo Swadharma é composto de duas palavras – Swa e Dharma.

  • Swa: próprio, ou a si mesmo
  • Dharma: a raiz ‘dhri’ em sânscrito significa ‘segurar ou sustentar ou transportar ‘, ou seja “Aquilo que Sustenta”, ou seja “A Ação Reta e Correta”, “A Conduta Lícita”, segundo as Leis Divinas

Juntas podem ser interpretadas como a conduta legítima do Self, do indivíduo. Portanto, o termo envolve uma receita para o indivíduo “agir conforme a Lei Divina”.

Vamos explorar melhor esse conceito. Poderíamos esperar que uma mangueira produzisse maçãs ao invés de mangas e uma macieira vice-versa?! Conseguimos encontrar, por aí, abelhas fazendo alguma outra coisa além de coletar o néctar das flores e retornar à colmeia para transformá-lo em mel. Plantas, animais, rios, oceanos e montanhas parecem estar todos realizando suas próprias tarefas com base na natureza do que são feitos, não é assim?! Todos estes seres são observados na natureza realizando seu Swadharma – ou seja o seu próprio propósito para o qual existem.

Não deveria ser similar para nós seres humanos? Sim, desde que aceitemos e vivenciemos o nosso Swadharma. Pois diferente de todos os demais seres, temos o chamado “livre arbítrio”, ou seja condições de definir nossas motivações, nossas ações, enfim nosso destino. Mas, como sabemos,: “muitos poderes, muitas responsabilidades”…. ao mesmo tempo que temos esta autonomia, justamente a mesma nos leva facilmente a “errar o alvo”, pois, estamos agindo agora segundo nossa própria compreensão da realidade, que cá entre nós é bastante limitada e enviesada.

“Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!”

[Poema da Felicidade – Fernando Pessoa]

Então podemos dizer que nosso desafio como seres humanos é conseguir encontrar o nosso caminho, a que fomos predestinados a ser, e ter a correta e reta compreensão sobre cada ação que realizamos, e conseguir decidir exatamente como o faria o “Ser mais perfeito” ou “Deus” ou a “Consciência Absoluta” agiria na mesma situação. Ter uma vida divina e iluminada significa encontrar por si a Consciência Absoluta e decidir a partir dela. Isto é seguir o Dharma, a ordem correta das coisas.

No momento em que um ser humano aceita seu próprio Swadharma, sua ação torna-se fácil. Independentemente da dificuldade da tarefa, a capacidade de realizar vem naturalmente, porque assim e para isto foi concebido. Neste sentido, Swadharma também é traduzido como “ação sem esforço”. Para algumas pessoas, como músicos, artistas, atletas, matemáticos que desde a primeira infância já se percebem certas habilidades muito acima da média. Para outras, contudo, custa mais a identificar suas habilidades. Nem sempre é fácil identificar, mas existem pistas. Por exemplo, reflita sobre aquilo que você faz bem, facilmente e relativamente com pouco esforço. Aquilo que você poderia passar sua noite fazendo, sem se alimentar, sem dormir, e ainda assim seguiria fazendo bem, e com prazer, porque faz parte de você, da sua natureza, porque você se sente plenamente realizado quando executa. Aí está a sua pista.

Desapego

Swadharma, ação sem esforço, obviamente somente acontece quando você faz algo, simplesmente porque tem que fazer, e não esperando algo em troca ou algum resultado sobre a sua ação. Desapego ao resultado é uma forma de fazer um excelente crosscheck se você está atuando no seu Swadharma ou desviado do seu alvo por ilusões impermanentes.

Viva na parte alguma de onde você veio, embora tenha um endereço aqui

[Rumi]

Como encontro o meu Propósito? Como encontro meu Swadharma?

Maria Wisława Anna Szymborska (1923~2012, Cracóvia) escritora polaca premiada com o Prémio Nobel em literatura em 1996. Sua extensa obra, traduzida em 36 línguas, foi caracterizada como “poesia que, com precisão irónica, permite que o contexto histórico e biológico se manifeste em fragmentos da realidade humana”, referenciada como Mozart da poesia

Há tanto tudo, que o Nada fica muito bem escondido…

Wislawa Szymborska

Essa frase de Wislawa Szymborska define bem como o excesso de estímulos e alternativas a explorar nesta vida terrena nos desvia do nosso Propósito e nos impede de “enxergar” nosso verdadeiro Alvo, nossa Missão, nosso Propósito.

Encontrar seu propósito, seu Swadharma, a sua razão nesta existência, às vezes não é uma tarefa simples e nem sempre muito clara, muitas vezes confusa. Cada pessoa é única e assim sente, enxerga, ouve, vivencia sua experiência de maneira única.

Existem diversas ferramentas de autoconhecimento, que nos ajudam a identificar nossas habilidades, vocações e Propósito. Obviamente, sendo este um dos principais objetivos deste espaço, falaremos certamente de várias delas ao longo das publicações. Exemplos de ferramentas: Teste de Personalidade, Eneagrama, DISC, Ikigai, Teste Vocacional, Yoga & Meditação, Mapa Astrologico, Mapa Xamanico, I-Ching. Quiromancia, Numerologia, Estudo de Arquétipos, Tarot, entre muitos outros. Como podem notar, alguns mais “politicamente corretos”, normalmente encontrados nas áreas de RH das empresas e outros mais “diversos”, para quem leu os parágrafos anteriores e tem a disponibilidade do não julgamento, está livre de vieses inconscientes e mentes julgadoras e catalogadoras.

Encontre seu ikigai: o conceito japonês para a longevidade plena e saudável
Ikigai – razão para ser

Ikigai (em japonês: 生き甲斐) é uma palavra japonesa que significa “razão de viver”, “objeto de prazer para viver” ou “força motriz para viver“. Ikigai é um estilo de vida que busca Harmonia, Longevidade e a Satisfação Plena nas diferentes áreas da vida, permitindo assim alcançar a Razão de Ser ou Propósito para a sua existência. Não se trata de definir o ser humano por meio de seu trabalho (algo que poderia soar como alienante e utilitarista). Pelo contrário, a proposta da filosofia Ikigai é a “desalienação” do trabalho enquanto obrigação social, para uma visão mais humana, na qual podemos encontrar sentido e satisfação naquilo que realizamos.

Estas ferramentas podem ser muito adequadas a determinadas e nada adequadas a outra pessoa, porque graças a Deus, todas as pessoas são diferentes, de forma que o que pode fazer muito sentido para uma pessoa, pode não fazer nenhum sentido para outra pessoa. E o mais importante: está tudo bem. O ideal é experimentar, vivenciar algumas, várias, até que, em algum momento, alguma destas possa abrir uma possibilidade, um campo favorável para que você possa perceber, se compreender, se identificar. A partir desta abertura, uma investigação, uma compreensão, começa a ser possível. Diz-se no oriente que “O mestre indica o caminho, mas é você mesmo quem precisa trilhá-lo”.

O celeiro foi destruído por um incêndio… Agora posso ver a Lua…

Masahide

Qualquer que seja a ferramenta, contudo, a primeira atitude é abertura. Somente é possível criar uma condição mental favorável, se estivermos abertos ao diferente, sem pré-conceitos, sem “verdades” pré-definidas, que lhe foram ditas, impostas, mas que, de verdade, você nunca vivenciou por si mesmo. Em geral, quando começamos a vivenciar, a experimentar por nós mesmos, vamos nos dando conta do quanto estávamos iludidos, equivocados, simplificados, manipulados. Essas descobertas nem sempre são tranquilas, mas são necessárias. Desilusão, por exemplo é uma palavra interessante. Quando ouvimos alguém dizer que está desiludido, sentimos que a pessoa esteja triste, magoada, infeliz. Mas, na verdade, essa pessoa deveria estar imensamente feliz pois: de que vale uma vida de ilusão, de mentiras. Melhor uma desilusão dolorida, a uma ilusão eterna. “Desilusão é deixar ir a ilusão[Marco Schultz, Simplesmente Yoga], é acolher que estivemos iludidos, e agora não mais estamos. Qualquer trabalho em autoconhecimento, pressupõe esta honesta abertura. Do contrário, não é sincero, não é verdadeiro e não o levará a lugar algum que você já não esteja, um lugar de ilusão.

Mahatma Painting - Gandhi in Color by Wayne Pascall
Gandhi em Cores uma pintura de Wayne Pascall – fineartamerica.com

O propósito da vida é, sem dúvida, conhecer a si mesmo. Não podemos fazer isso a menos que aprendamos a nos identificar com tudo o que vive. A soma total dessa vida é Deus.

Gandhi

Ao longo da história, o ser humano, a partir do momento que adquiriu consciência, sempre buscou entender a razão de ser (ou não ser… eis a questão), motivo pelo qual ferramentas não faltam, desde que exista abertura: “olhos para ver e ouvidos para ouvir”.

Como disse Fernando Pessoa: ” Valeu a pena? Tudo vale a pena, se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador, tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, mas nele é que espelhou o céu.”

Nos vemos em breve 😉

Referências:

“Dharma – O Caminho da Libertação – O Nascente Budismo Ocidental” – Joseph Goldstein – 2004

“The Concept of Swadharma – and Effect on Leadership”, Priyanka Dutt, Banasthali Vidyapith, Rajasthan , India

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