Niyamas – Saucha
Olá!
No último encontro terminamos nossa investigação sobre os Yamas, relacionados à nossa forma de lidar com os demais, nossas conexões externas, que devemos observar, afim de termos interações favoráveis e conforme às regras de relacionamento com aquilo o que é exterior, com os demais indivíduos, e tudo ao nosso redor ao qual interagimos.
Hoje, falaremos sobre Niyamas – também parte do segundo capítulo dos Yoga Sutras de Patañjali, o Sadhana Pada, e que versa sobre a nossa conduta disciplinar, ou seja, uma observância mais interna, seguindo o nosso caminho desde o mais externo caminhando rumo ao nosso interior: indo do denso ao sutil.
Assim, encontramos no aforismo II.32 a definição dos Niyamas, da seguinte forma:
shaucha santosha tapah svadhyay-eshvarapranidhanani niyamah
शौच संतोष तपः स्वाध्यायेश्वरप्रणिधानानि नियमाः
śauca saṁtoṣa tapaḥ svādhyāy-eśvarapraṇidhānāni niyamāḥ
Limpeza (shaucha), contentamento (santosha), autodisciplina (tapas), aprender consigo mesmo (svadhyaya) e aceitar seu destino (iishvara-pranidhana) traduzem-se automaticamente na prática de respeito (niyama)
śauca = (iic.) pureza e limpeza interna e externa
saṁtoṣa = (iic.) contentamento
tapaḥ = (acc. sg. n./nom. sg. n.) austeridade; autodisciplina
svādhyāya = (iic.) autoconhecimento; aprendendo de si mesmo; ouvindo a si mesmo; prestando atenção a si mesmo
īśvara = (iic.) o Deus pessoal
praṇidhānāni = (acc. pl. n./nom. pl. n.) devoção; Confiar em
īśvara-praṇidhānāni = (acc. pl. n./nom. pl. n.) devoção a Deus; aceitando o destino
niyamāḥ = (nom. pl. m. de niyama) regras de conduta em relação a outros
Niyama, que é sistematicamente construído sobre o yama, significa “respeito consigo mesmo” ou “regras de conduta em relação aos outros”. Niyamas ensinam como se tratar com respeito, com base em diretrizes fundamentais que o ajudam a lidar consigo mesmo e que são indispensáveis para uma vida saudável e bem-sucedida.
Os Niyamas são portanto os deveres dirigidos a nós mesmos – observâncias internas que devemos atentar. Eles têm como objetivo nos ajudar a criar Caráter. Trabalhar Niyamas – permite nos guiar desde os aspectos mais grosseiros de nós mesmos até a verdade profunda.
Vejamos o primeiro deles:
Shaucha ou Saucha (limpeza)
A tradução direta de Saucha é limpeza, porém o significado está muito além de uma limpeza física. Estamos falando de limpeza em todos os sentidos. Significa nos manter livre de impurezas, impurezas de toda sorte.
Aqui falamos de manter o asseio do corpo, da mente e do espírito. O asseio do seu corpo, do seu lar, de tudo o que é material e te rodeia. A organização das suas coisas: do seu armário, da sua mesa, do seu quarto, sua sala. Quando a matéria está limpa e organizada, existe maior clareza mental. Isto ocorre porque nossa mente trabalha de forma a catalogar/organizar as informações. É justamente por ser assim, nossa poderosa mente, que o ser humano por um lado consegue criar coisas tão fabulosas e espetaculares como um avião, um arranha-céus, uma poesia, sinfonia, mas também pode ser tão cruel ao julgar tudo o que vê: as pessoas, as situações, ações, comportamentos, beleza, feiura, alto, baixo, etc. No fundo, a mente é treinada para criar categorias e organizar fichas. Assim, se você vive, trabalha, dorme, almoça, ou qualquer outra atividade em um lugar todo bagunçado, sujo, desorganizado, dificilmente terá clareza mental. Sua mente ficará muito ocupada tentando processar, organizar, catalogar aquela bagunça, buscando minimamente organizá-la, ainda que seja na sua imaginação. Isso consome energia e processamento mental. Sua mente não estará disponível para atividades mais nobres.
Da mesma forma, se sua mente é toda bagunçada, agitada, perturbada por pensamentos diversos, seu espírito, sua Luz Divina Interior, estará ocupada demais, buscando alguma forma de se expressar, numa mente tão caótica, e dificilmente conseguirá ter êxito na sua expressão e tentativa de mostrar-lhe o caminho, apresentar-lhe o seu propósito. Você precisa aquietar a sua mente, assear a sua mente, ordenar seus pensamentos, para que eles fluam de forma organizada e permita adentrar a mais um grau de sutileza. Construa saucha, a sua limpeza, do denso ao sútil. Matéria organizada, mente organizada, Luz interior brilhando.
Com uma mente bem treinada, você identificará hábitos indesejáveis muito mais facilmente e rapidamente. Sua mente buddhica estará funcionando muito mais ativamente e alertando sobre o que lhe faz bem o que não lhe faz bem. Você rapidamente perceberá que sim tem maus hábitos, pode e deve mudá-los, pelo seu bem, e para o seu benefício próprio e também dos demais.
Hábitos que adquirimos ao longo da nossa vida, sem percebermos podem estar , e em geral estão, nos atrapalhando, em nosso processo evolutivo físico mental e/ou espiritual. Precisamos estar atentos, no momento presente e reconhecer se determinado hábito nos é benéfico ou prejudicial, ajuda ou atrapalha a ser mais felizes , saudáveis e conscientes nesta vida? Essa disciplina/faxina é Saucha. É limpeza, constante, vigilante, sempre. Aqui vou fazer uma adaptação de uma frase que ouvi de um CEO da empresa que trabalhei, certa vez. Ele dizia: “Despesas em um negócio são como unhas no seu corpo, elas crescem constantemente, e portanto precisam ser aparados rotineiramente”. Minha adaptação consiste em substituir “despesas em um negócio” por “maus hábitos em nossas vidas”, eles crescem rapidamente e precisam ser aparados constantemente. Um de meus gurus na minha caminhada espiritual, certa vez me disse: “Está aqui minha regra de ouro: quando eu começo a gostar muito de alguma coisa e tenho vontade de ter de novo, e de novo, ou fazer mais e mais, eu simplesmente digo: basta, largo imediatamente, pois certamente havia se tornado um hábito – e assim é melhor largar antes que não possa controlar”
Hábitos fora do controle tornam-se vícios. A linha que separa o hábito do vício é muito estreita. Os sintomas do vício nem sempre são claros para quem convive com alguém que tem demonstrado uma mudança comportamental e ainda mais difícil para quem é viciado, afinal um dos sintomas é negação da perda do controle.
Todo vício está ligado a fatores biológicos, psicológicos e/ou sociais. Sinais de Vicio: Repetição obsessiva de algo; Dependência da recompensa; Sinais físicos e/ou psicológicos aparentes; Perda de controle
“Cuidado com seus pensamentos, pois eles se tornam palavras. Cuidado com suas palavras, pois elas se tornam ações. Cuidado com suas ações, pois elas se tornam hábitos. Cuidado com seus hábitos, pois eles se tornam o seu caráter. E cuidado com o seu caráter, pois ele se torna o seu destino.” [Frank Outlaw]
O que as diferentes tradições de religare dizem sobre limpeza:
Islamismo
Fisicamente, espiritualmente, eticamente e psicologicamente, os muçulmanos valorizam limpeza e pureza. Nas leis islâmicas, limpeza e pureza são uma ajuda para adoração, uma preparação para a adoração, e sem eles o canônico a oração é considerada inválida. Limpeza e pureza são essenciais no ideal na religiosidade e consciência muçulmanas. O Alcorão freqüentemente se refere a isso:
“Allah ama aqueles que se arrependem e se purificam. (2: 222)”;
O Alcorão instrui àqueles que farão a oração canônica: “Allah não lhe causará dificuldades, mas deseja purificá-lo e cumprir as bênçãos dele em você, para que você dê graças… Ó aqueles que têm fé! Quando você representa o sacramento da oração, lave o rosto e as mãos até os cotovelos e acaricie o rosto, cabeça com as mãos molhadas e lave os pés até os tornozelos. Se você é ritualmente imundo, então limpe-se. (5: 6)”. Pureza e limpeza têm as dimensões: interna e externa. Interna: refere-se ao esvaziamento ou limpeza do eu de todo orgulho que resulta do amor de si e do mundo. portanto limpeza e pureza estão ligadas a ser uma pessoa que teme a Deus. A dimensão externa da pureza e limpeza é expressa na higiene física. Mas, na perspectiva islâmica, assim como em muitas outras tradições, o externo e o interno não estão separados.
Judaismo
No judaísmo, a lavagem ritual, ou ablução, assume duas formas principais. Tevilah (טְבִילָה) é uma imersão de corpo inteiro em um micvê, e netilat yadayim é a lavagem das mãos com um copo. As referências à lavagem ritual são encontradas na Bíblia Hebraica e são elaboradas na Mishnah e no Talmud. Eles foram codificados em vários códigos da lei e tradição judaicas, como Mishneh Torá de Maimonides (século 12) e Shulchan Aruch de Joseph Karo (século 16). Essas práticas são mais comumente observadas no judaísmo ortodoxo. No judaísmo conservador, as práticas são normativas, com certas leniências e exceções. A lavagem ritual geralmente não é realizada no judaísmo reformista.
A Bíblia hebraica exige a imersão do corpo na água como um meio de purificação em várias circunstâncias, por exemplo: E quando o zav estiver limpo de sua questão, ele contará para si sete dias para sua limpeza e lavará suas roupas; e ele banhará sua carne em água corrente e estará limpo.. Há também referências à lavagem das mãos: E quem tocar o zav, sem enxaguar as mãos na água, lavará a roupa, banhar-se na água e ser imundo até a tarde. Lavarei minhas mãos com inocência; assim eu percorrerei o teu altar, SENHOR. Os sacerdotes eram obrigados a lavar as mãos e os pés antes do serviço no templo: Também farás uma pia de latão e sua base de latão, para lavar; e a porás entre a tenda da revelação e o altar, e porás água nela. E Arão e seus filhos lavarão as mãos e os pés; quando entrarem na tenda da revelação, lavarão com água, para que não morram; ou quando se aproximam do altar para ministrar, fazem com que uma oferta queimada fume ao SENHOR.
Hinduismo
Uma parte importante da purificação ritual no hinduísmo é o banho de todo o corpo, particularmente em rios considerados sagrados, como o Ganges; é considerado auspicioso realizar essa forma de purificação antes de qualquer festival, e também é praticada após uma morte entre familiares e/ou conhecidos, a fim de manter a pureza. Punyahavachanam é um ritual realizado antes de qualquer cerimônia, como casamento, Homa (queima de alguma oferenda), etc. Mantras são cantados e, em seguida, aspergida água sobre todas as pessoas participantes e sobre os itens usados. No ritual conhecido como abhisheka (sânscrito, “aspersão; ablução”), a murti ou imagem da divindade é banhada ritualmente com água, requeijão, leite, mel, ghee, açúcar de cana, água de rosas, etc. Abhisheka também é uma forma especial de puja prescrito por liminar Agamic. O ato também é realizado na inauguração de monarcas religiosos e políticos e por outras bênçãos especiais. Murti de uma divindade não deve ser tocado sem a limpeza das mãos. Não se deve entrar em um templo sem um banho. Sūtak são regras hindus de impureza a serem seguidas após o nascimento de uma criança (vṛddhi sūtak). Sūtak envolve a prática de manter-se isolado socialmente dos parentes e da comunidade, abstendo-se de fazer refeições com a família, participando de atividades religiosas costumeiras e saindo de casa. Uma mãe deve praticar sūtak por 10 a 30 dias, dependendo de sua casta, enquanto o pai pode ser purificado imediatamente após o nascimento de seu filho por purificação ritual (banho ritualístico). Existem vários tipos de rituais de purificação associados às cerimônias da morte. Depois de visitar uma casa onde ocorreu uma morte recentemente, espera-se que os hindus tomem banho. As mulheres tomam um banho na cabeça depois de completarem o período menstrual de 4 dias.
Budismo
Buda entregou Seu Dhammas a todas as pessoas, bem como Devas e Brahamas por quarenta e cinco anos. Os conceitos de
limpeza física budista com seus significados e práticas são mencionados no Tipiñaka, Tipiñaka é o nome dado às escrituras sagradas budistas e é composto de duas palavras; ti significa ‘três’ e piñaka significa ‘cesta’. A palavra cesta foi dada a esses escritos porque eles foram transmitidos oralmente por alguns séculos, da mesma forma que uma cesta em um canteiro de obras pode ser transmitida de um trabalhador a outro. As três partes do Tipiñaka são o Vinaya Piñaka, o Sutta Piñaka e o Abhidhamma Piñaka. O Tipiñaka foi composto originalmente na língua Pàëi, na sua tradução para língua inglesa ocupa mais de 40 volumes. No Vinaya estão detalhadas regras para uso de banheiros em um monasterio. Algumas regras de limpeza ambiental, em Vinaya:
“Tudo o que Bhikkhu (monge) precisar cavar o chão, que o cave”
“Existe Pācittiya (perda iminente) na destruição de qualquer vegetal.”
“Tudo o que Bhikkhu precisar borrifar água para criaturas vivas, o deve fazer, polvilhando na grama ou no barro
“’Na grama que crescerei, não vou me aliviar ou cuspir.’
“Na água não vou me aliviar ou cuspir.”
O ruído é uma forma relevante de impureza, e hoje reconhecido como um sério problema pessoal e poluente de ambientes. Causa surdez, estresse, irritação, ressentimento, consome energia e inevitavelmente diminui a eficiência. A atitude do Buda em relação ao barulho é muito clara no cânon Pali. Ele era crítico do ruído excessivo e não hesitou em expressar sua desaprovação severa sempre que alguma ocasião surgiu. Certa vez ele ordenou que um grupo de monges deixasse o mosteiro por comportamento barulhento. Ele desfrutava de solidão e silêncio imensamente e falou em louvor ao silêncio, pois é mais apropriado para cultura mental. O ruído é descrito como um espinho para alguém envolvido no primeiro passo
meditação, mas depois o ruído deixa de ser um distúrbio, pois o
o meditador ultrapassa a possibilidade de ser perturbado pelo som.
Religiões indígenas americanas
Nas tradições de muitos povos indígenas das Américas, uma das formas de purificação ritual é o uso de uma sauna, conhecida como manta de suor, como preparação para uma variedade de outras cerimônias. Alguns grupos indígenas também acreditam que a queima de palitos de borrar também limpa uma área de qualquer presença maligna, assim como é comum a prática de uso de incensos e fogo para limpeza energética de ambientes. Grupos como os cherokee, na América do Norte, praticavam mover-se em corpos de água como rios ou córregos. Ir à água era praticado por algumas aldeias diariamente (ao nascer do sol), enquanto outras iam à água principalmente para ocasiões especiais, incluindo, entre outras, cerimônias de nomeação, feriados e jogos de bola.
Cristianismo
A Bíblia tem muitos rituais de purificação, sendo o mais famoso o Batismo, a purificação inicial, mas também outros, menos em moda, relacionados à menstruação, parto, relações sexuais, emissão noturna, fluidos corporais incomuns, doenças de pele, morte e sacrifícios de animais. A Igreja Ortodoxa Etíope de Tewahedo, por exemplo, prescreve vários tipos de lavagem das mãos, por exemplo, depois de deixar a latrina, o banheiro ou o balneário, ou antes da oração ou depois de comer uma refeição. As mulheres da Igreja Ortodoxa Etíope de Tewahedo são proibidas de entrar no templo da igreja durante a menstruação; e os homens não entram na igreja no dia seguinte ao sexo com suas esposas.
O princípio de lavar as mãos antes de celebrar a santa liturgia começou como uma precaução prática de limpeza, que também foi interpretada simbolicamente. “No terceiro século, há vestígios de um costume de lavar as mãos como uma preparação para a oração de todos os cristãos; e a partir do século IV parece ter sido comum os ministros do Serviço de Comunhão lavarem cerimonialmente seus mãos diante da parte mais solene do serviço como um símbolo de pureza interior “.
No cristianismo reformado, a pureza ritual é alcançada por meio da confissão dos pecados e da garantia do perdão e da santificação. Pelo poder do Espírito Santo, os crentes oferecem todo o seu ser e trabalho como um ‘sacrifício vivo’; e a limpeza se torna um modo de vida. A cerimônia de Lava pés que os católicos revivem o episodio em que Jesus lava “os pés” dos discípulos na 5a.f Santa, mostra-se Saucha em todo o seu significado:
” … Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus e ia para Deus, Levantou-se da ceia, tirou as vestes, e, tomando uma toalha, cingiu-se. Depois deitou água numa bacia, e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhes com a toalha com que estava cingido. Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim? Respondeu Jesus, e disse-lhe: O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois. Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar, não tens parte comigo. Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça. Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora vós estais limpos, mas não todos. Porque bem sabia ele quem o havia de trair; por isso disse: Nem todos estais limpos. Depois que lhes lavou os pés, e tomou as suas vestes, e se assentou outra vez à mesa, disse-lhes: Entendeis o que vos tenho feito? Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou. Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou. Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes…” [João 13:1-38]
Para concluir, corpo limpo, ambiente limpo, consciência limpa, mente limpa, Luz Divina Interior presente. Saucha.
No próximo encontro falaremos do segundo Niyama: Santosha ou contentamento. Nos vemos em breve! Namaste! _/\_
Créditos desta seção:
https://www.ashtangayoga.info/philosophy/source-texts-and-mantra/yoga-sutra/chapter-2/
https://br.mundopsicologos.com/artigos/como-comeca-um-vicio
https://www.ekhartyoga.com
“Visible Islam in Modern Turkey” [Adil ÖzdemirKenneth Frank]
https://www.buddhisma2z.com
https://en.wikipedia.org/wiki/Ritual_washing_in_Judaism