Mantras são “ferramentas” poderosas para o Autoconhecimento e o desenvolvimento de uma mente forte, consciente e centrada, além de um canal para a espiritualidade

Mantras

Olá!

Hoje dedicaremos nosso estudo aos Mantras, “ferramenta” importantíssima para o Autoconhecimento e o desenvolvimento da mente consciente.

Mantra (sânscrito: मन्त्र) é uma expressão sagrada, um som numinoso, uma sílaba, palavra, fonemas, ou grupo de palavras de poder. Em sânscrito, Man significa mente e Tra significa controle ou proteção. Em tradução literal seria um “instrumento para conduzir, guiar, limpar, controlar, proteger a mente. Tradicionalmente no Yoga se usam Mantras em sânscrito, mas também ocorrem em outras línguas, idealmente em línguas mortas, as quais mantém suas características fonéticas e escritas originais, o que é um requisito muitíssimo relevante, como veremos adiante.

A energia sonora e vibracional é a chave e o motivo da eficácia dos Mantras. O comando glandular no corpo humano se dá a partir de comandos cerebrais, maior parte involuntários, e funcionam a partir dos nossos pensamentos, emoções e reações. O som é uma forma de energia que tem estrutura, poder, frequência e efeitos sobre nossos centros energéticos (chakras), metabolismo e psique humana. Os mantras podem, portanto, alterar padrões mentais e a química cerebral, podendo modificar os padrões e níveis de consciência, a partir do seu significado e repetição rítmica em diferentes níveis de sutileza.

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Assim como as cordas de um violão, ao serem mecanicamente acionadas, vibram e ao movimentar o ar, emitem som, reciprocamente o som também faz vibrar as cordas de um instrumento, ou fazem vibrar o microfone que transforma as vibrações sonoras em sinais elétricos. Nosso corpo e cérebro são formados por uma infinidade de cordas: células, tecidos, vasos sanguíneos, tendões, músculos. Portanto somos um grande instrumento musical, sujeito a ação da energia sonora. Se você já se emocionou ao ouvir uma orquestra sinfônica ou mesmo em um (bom) show de rock, ou com a vibração de um estádio esportivo, você possivelmente consegue entender mais claramente sobre o que estou falando.

No corpo humano existe duas cavidades (gupha) associadas a dois respectivos centros energéticos, inter-relacionados e associados à criação: nos chakras inferiores bij gupha ou cavidade da semente, que refere-se aos órgão sexuais masculino e feminino – ligados à criação de outro ser humano. A outra é gian gupha, ou cavidade do conhecimento, que se refere à língua e a boca – a criação através do Verbo. A ciência de Naad Yoga diz respeito a gian gupha, pela qual a boca, movimentos da língua, sensores do palato podem estimular atividade cerebral relacionadas a estados de consciência, e consequentemente à experiência da fusão com o Divino. Somos capazes de sentir vibrações e emitir vibrações, receber, aprender, criar, interagir não apenas pela palavra dita em si, mas pela energia que ela irradia.

O Verbo (o Logos)

“No princípio Deus criou o céu e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. E disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro. E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas… [Gênesis 1:1-6]

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam…
[João 1:1-5]

Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te. Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas…[Apocalipse 3:19-22]

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Os trechos bíblicos acima em Gênesis, João, Apocalipse são alguns, onde na visão da teologia cristã, está o papel do verbo na criação divina e na obra humana. Não é possível materializar criações sem palavras, sem o verbo. Deus criou a partir do verbo e Deus fez o homem à sua imagem e semelhança, assim consequentemente o homem também cria de forma similar. Tudo o que se cria, faz-se através do verbo, a materialização de um pensamento. A mente pensa, idealiza. A palavra materializa.

“No princípio era o Logos…” Existe grande discussão teosófica sobre usar os termos Palavra, Verbo e Logos nas versões traduzidas da Bíblia. Segundo o Dr. Gordon Clark, a tradução para word[palavra] foi um erro de tradução propagado ao longo da história

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O Dr. Gordon Haddon Clark, (1902~1985) filósofo e teólogo calvinista americano, especialista em filosofia pré-socrática e antiga, em palestra intitulada “O Logos” proferida aos professores da Chattanooga Christian School, no Tennessee em 1984 (mesmo ano que publicou o livro The Biblical Doctrine of Man) explicou que a razão das nossas Bíblias traduzirem logos como word [palavra] é que São Jerônimo, um monge do século V, traduziu-a incorretamente como verbum.

“A Vulgata de São Jerônimo, como é chamada, tornou-se a Bíblia oficial da Igreja Católica Romana, e os textos que Jerônimo usou têm se tornado a base das versões liberais contemporâneas. O termo latim Verbum tornou-se Word [Palavra] em inglês, embora eu não saiba o motivo de não ter se tornado verb [verbo], como acontece numa nova versão católica francesa, La Bible de Jerusalem. De qualquer forma, Logos dificilmente significa uma única palavra. Mas ela tem quarenta ou mais significados…”

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Cada partida é um experiência diferente | by Anderson Butilheiro | The  Meeple Kingdom | Medium
Heráclito de Éfeso – o “pai da Dialética”

 

Logos é um termo na filosofia ocidental, psicologia, retórica e religião derivada de uma palavra grega que significa, “fundamento”, “pleito”, “opinião”, “expectativa”, “pensamento”, “palavra”, “fala”, “conta”, “razão”, “proporção” e “discurso”, mas se tornou um termo técnico na filosofia ocidental, começando com Heráclito (535 a.C. – 475 a.C.), que usou o termo para um princípio de ordem e conhecimento. Os sofistas usaram o termo como discurso; Aristóteles como “discurso fundamentado” ou “o argumento” no campo da retórica e o considerou um dos três modos de persuasão ao lado do ethos e do pathos. Os filósofos estóicos identificaram o termo com o princípio divino de animação que permeia o Universo. Dentro do judaísmo helenístico, Fílon de Alexandria ( 20 a.C. – 50 d.C.) adotou o termo em filosofia judaica. O Evangelho de João identifica o Logos, através do qual todas as coisas são feitas, como divinas (theos), e identifica ainda mais Jesus Cristo como o Logos encarnado. O termo também é usado no Sufismo e na psicologia analítica de Carl Jung.

Qual a relação entre Mantras e verbo, logos, …?!

Um mantra é uma expressão, um “verbo”, um “discurso fundamentado”, repetido indefinidas vezes. Portanto um mantra é uma poderosa ferramenta de criação. Você já deve ter ouvido frases como:

“Quando falares, cuida para que tuas palavras sejam melhores do que o teu silêncio, e lembre-se que alto deve ser o valor de suas idéias, não o volume de sua voz. Falar sem pensar é disparar sem apontar.” [George Herbert]

“Uma mentira contada mil vezes, torna-se uma verdade” [Joseph Goebbels]

…. ou esta que particularmente acho genial, atribuída a Frank Outlaw “Vigie seus pensamentos, eles tornam-se palavras. Vigie suas palavras, elas tornam-se ações. Vigie suas ações, elas tornam-se hábitos. Vigie seus hábitos, eles formam seu caráter. Vigie seu caráter, ele se torna seu destino.”

Frank Outlaw – Trecho de um texto publicado em um jornal do Texas (EUA)
sob o título: “What They’re Saying” Maio, 1977

Mas por que repetir tantas vezes?!

Em técnicas literárias, retórica, a repetição é usada com 3(três) objetivos dentro de um poema: i) aumentar o lirismo; ii) criar coesão; e iii) reforçar o significado. Dois tipos específicos de repetição usados ​​na poesia são o refrão e a anáfora. Um refrão repete palavras entre estrofes; anáfora repete as mesmas palavras no início das sentenças ou orações subsequentes.

Da mesma forma que uma praia não se formou apenas com poucas ondas do mar. Elas se repetiram e repetiram e repetiram durante anos, séculos, milênios até termos as praias que temos hoje, e que tem hoje, em si, moldadas, de certa forma, o formato destas ondas com as quais interagiram….. e certamente novas ondas a ajudarão a transformá-la em uma praia diferentes no futuro. Assim como são necessárias muitas ondas no mar para formar uma praia, são necessárias muitas ondas sonoras para calibrar nossa frequência mental de recepção (assim como o ajuste do dial de frequência de um rádio que uma emissora que gostamos) e nossa frequência de emissão, de criação, do nosso verbo que oferecemos aos demais, ao Universo. Quando sintonizamos frequências boas, ouvimos “boas músicas” e aprendemos com elas, e as cantamos depois, e alegramos o ambiente em que estamos, e elevamos nosso estado de espírito e nossa consciência, e nesse estado, tomamos atitudes mais conscientes, que beneficiam o todo, e evitamos decisões que possam prejudicar os demais. Essa é a beleza do Autoconhecimento e o caminho da Autorrealização. Mantras são catalizadores da nossa evolução de consciência.

Existem mantras intencionais que nos apoiam e existem mantras inconscientes que nos prejudicam”. Mantras que nos prejudicam incluem afirmações sobre crenças limitantes, de inferioridade e espirais de ansiedade que, involuntariamente permitimos girar em nossas mentes e em nossas afirmações. As palavras repetidas determinam a programação sobre nossas crenças autoconscientes, responsáveis pela grande maioria dos nossos comportamentos. São portanto, programáveis. Estão associadas aos nossos vieses inconscientes, nossas visões distorcidas da realidade, maya segundo a tradição hindu, e que uma vez programadas em nosso consciente e subconsciente tornam-se hábitos. Ao repetirmos frases/pensamentos para nós mesmos, de forma afirmativa e recorrente, criamos nossas circunstâncias de vida.

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ansiedade e depressão podem ser amenizados com prática de mantras específicos e sob orientação adequada

As palavras que escolhemos dizer e pensar – particularmente aquelas que repetimos com mais frequência – têm um impacto muito grande em nossa frequência vibracional e nossa frequência vibracional, por sua vez, determina as nossas condições físicas, emocionais e espirituais, uma vez que estão todas interligadas. Palavras ansiosas criam uma pessoa ansiosa e uma vida cheia de ansiedade. Palavras fortalecedoras, reprograma a pessoa para ser forte e assim a sua vida torna-se de fortaleza. Ansiedade, depressão, síndrome do pânico podem ser aliviadas (ou até curadas) com afirmações mentais assertivas – os mantras são veículos excelentes para ajudar nesses processos.

Ao selecionar um mantra que direciona nossa mente intencionalmente – seja um som sem sentido que nos ajuda a relaxar ou uma frase inspiradora que nos ajuda a focar – nós retomamos o poder sobre nossos cérebros ocupados. Os mantras não precisam ser usados ​​apenas durante a meditação formal ou aulas de yoga. Esses veículos mentais podem ser usados ​​o dia todo como uma ferramenta de centralização, principalmente se você descobrir que pensamentos ansiosos e indesejados o estão arrastando para baixo.

 

Importância dos Mantras no caminho do Yoga

Os primeiros mantras têm referência histórica do sânscrito védico na Índia, com pelo menos 3.500 anos de idade. Os mantras hoje existem em várias escolas de Hinduísmo, Budismo, Jainismo e Sikhismo. Em outras tradições também encontramos mantras. Na tradição japonesa, a palavra Shingon significa mantra. Hinos, antífonas, cantos, composições e conceitos semelhantes são encontrados também nas demais tradições: Zoroastrismo, Taoísmo, Cristianismo entre outros. Todos, cada um à sua forma, tem propósito de sintonizar a mente para objetivos auspiciosos. Em algumas tradições os mantras são sigilosos e apenas revelados aos discípulos, conforme seu grau de evolução (como exemplo: no Tantrismo). Já em outras os mantras estão popularizados e fazem parte da cultura local, como na maior parte das tradições do Hinduísmo, Budismo, Jainismo ou Sikhismo. O uso, estrutura, função, importância e tipos de mantras variam de acordo com a escola e a filosofia. Os mantras de origem no sânscrito vêm em muitas formas, incluindo ṛc (elogio recitado, como os versos do Rigveda, por exemplo) e sāman (cantos musicais do Sāmaveda, por exemplo). Têm medições tipicamente melódicas e matematicamente estruturados, que se acredita serem ressonantes com qualidades numinosas, divinas. Variações: Os mantras Tibetanos são entoados como orações repetidas. O budismo mahayana do Tibete usa mantras em tibetano, o zen-budismo do Japão os usa em japonês.

aum

Em sua forma mais simples, a palavra ॐ (Aum, Om) é um mantra em si, representa o “som do universo”, o Som Primordial o “no princípio era o Verbo”. Pelo fato de ser considerado a reverberação original, acredita que ॐ, quando produzido, recria a reverberação inicial no corpo e no campo energético, que reequilibra todo o sistema corporal e mental.

São recitados ou cantados repetidamente para “sintonizar” a mente em uma determinada frequência, servindo como instrumento para que a mente possa focar-se em um único ponto de atenção, pré-requisito para os estados meditativos. Mantras são frases melódicas com interpretações espirituais, como um anseio humano pela verdade, realidade, luz, imortalidade, paz, amor, conhecimento e ação. Mantras em geral são musicalmente edificantes e espiritualmente significativos pois acessam campos sutis energéticos e reequilibrando o ser. Existem mantras para facilitar a concentração e meditação, mantras para energizar, para adormecer ou despertar, para desenvolver chacras ou vibrar canais energéticos a fim de desobstruí-los.

Tudo num mantra tem a sua razão de existir: as palavras, os fonemas, a entonação, a correta forma de pronúncia. Assim como a receita de um bolo possui seus corretos ingredientes, quantidade, sequência, tempo, dosagens corretos. Assim também a efetividade de um Mantra pressupõe todos os detalhes executados da forma correta, para que se tenha o benefício completo.

 

Mantras na tradição Kundalini Yoga

Em Kundalini Yoga, os mantras costumam ser entoados em voz alta de maneira rigorosa e sistemática. Além do som, das vibrações, a maneira como a ponta da língua toca os 84 meridianos de energia no céu da boca, no palato, fazem diferença, como se fosse um teclado… Os mantras estimulam as secreções das glândulas, em especial a pituitária, que está localizada a apenas alguns milímetros do palato, estimulando secreções que fortalecem nossos sistemas imunológico e neurológico.

A pressão suave da língua no palato duro – a área logo atrás dos dentes superiores no céu da boca – ao cantar algo simples como, por exemplo: “Sa Ta Na Ma”, envia sinais por meio desses meridianos de energia para as glândulas e órgãos associados com eles. Isso irá orquestrar uma resposta de cura e enviar pacotes de informações na forma de neurotransmissores e produtos químicos no cérebro e por todo o corpo.

Quando você cria ou está inserido em uma vibração sonora em uma determinada frequência, você energiza e estimula seu organismo e o que está em seu entorno nesta frequência. Assim, mantras específicos são usados ​​para sintonizar nossas vibrações, e de alguma forma você irradia essa frequência também ao seu ambiente. 

Um boa definição de Mantras seria “fórmulas sonoras que podem nos levar além das faculdades discursivas da mente e nos conectar direta e imediatamente a estados profundos de energia e consciência”, escreve Russill Paul em seu livro The Yoga of Sound: Tapping the Hidden Power of Music and Chant. Não é a toa que várias tradições utilizam-se da música, de instrumentos, tambores, cantos, etc como apoio para seus rituais e conexões místicas e divinas. Em essência, muitos mantras antigos servem como veículos para a mente cruzar o mundo material e chegar à iluminação.

Para funcionar adequadamente, os mantras precisam determinados padrões e regras. Um mestre ao criar ou aperfeiçoar um mantra tem um objetivo específico, por exemplo, poderia ser a cura através de estados de consciência mais elevados. Um Bij mantra, por exemplo, é um mantra semente, que já existe no subconsciente desde sempre. Por exemplo: Sat Nam. Um Ashtanga Mantra possui oito partes ou batidas que faz reverberar a energia primordial de Kundalini. A qualidade de cada uma das oito partes cobre os espectro das qualidades projetadas pela consciência. Por exemplo: Ek Ong Kar Sat Nam Siri Wahe Guru ou Ra Ma Da Sa Sa Say So Hung, ambos Ashtanga Mantras. Já os Trikuti Mantra equilibrma a energia trina de geração, organização e transformação (Brahma, Vishnu e Shiva).

Em Kundalini Yoga, utiliza-se muitos mantras em escrita Gurmukhi, “emprestados”da tradição Sikh do norte da India. Estes mantras, foram popularizados nas práticas de Kundalini Yoga no Ocidente por Yogi Bhajan no final do século XX.

Gurmukhi é uma forma de escrita para escrever a língua Punjabi. É usado principalmente por seguidores da religião Sikh na Índia. Gurmukhi é historicamente derivado de Brahmi (nome moderno dado aos mais antigos membros da família brâmica, com inscrições sobre rochas dos Éditos de Asoca, localizadas no centro-norte da Índia, datando do século III a.C.), mas sua forma atual foi desenvolvido no século 16 pelo Guru Angad, sucessor do fundador da religião Sikh, Guru Nanak. A palavra Gurmukhi significa “a partir da boca do guru. Gurmukhi é escrito da esquerda para a direita, num sistema de escrita abugida, ou seja, cada letra representa uma consoante com um vogal inerente. Há trinta e duas consoantes básicas, que são ordenados de acordo com o local e a forma como o som é produzido, da mesma forma como as letras Devanagari (escrita alfabeto-silábica da família brâmica, do sul da Ásia, utilizadas desde o século XII por várias línguas da Índia, como o híndi, o sânscrito, o marata, o caxemira, o sindi, o biari, o bhili, o concani, o bhojpuri e o nepalê). Tanto o Gurmukhi quanto o Devaganari são escritos e lidos da esquerda para a direita. A escrita não usa nenhuma vogal independente. O Gurmukhi emprega um conjunto de números de 0-9. Estes são cada vez menos difundidos, e estão sendo substituídos por algarismos latinos, mas ainda estão em uso comum. Pontuação Latina é utilizada, bem como o danda, e duplas danda, símbolos que são comumente usados nas escritas bramânicas para marcar o fim de uma frase ou verso.

GURMUKHI
LETRANomeLETRANome
SINAL ADAK BINDIBA
SINAL BINDIBHA
SINAL VISARGAMA
AYA
AARA
ILA
IIਲ਼LLA
UVA
UUਸ਼SHA
EESA
AIHA
OONUKTA
AUSINAL AA
KAਿSINAL I
KHASINAL II
GASINAL U
GHASINAL UU
NGASINAL EE
CASINAL AI
CHASINAL OO
JASINAL AU
JHAVIRAMA
NYAUDAAT
TTAਖ਼KHHA
TTHAਗ਼GHHA
DDAਜ਼ZA
DDHARRA
NNAਫ਼FA
TATIPPI
THAADDAK
DAIRI
DHAURA
NAEK ONKAR
PAYAKASH
PHA 
Escrita Gurmukhi para a língua Punjab – utilizada em mantras da tradição Sikh

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Mul Mantra

 

Ek Ong Kar

Sat Nam

Kartaa Purkh

Nirbhao

Nirvair

Akaal Moorat

Ajoonee

Saibhang

Gur Prasaad

Jap

Aad Sach

Jugaad Sach

Hai Bhee Sach

Nanak Hosee Bhee Sach

Um Criador, Criação

Verdade é o nome de Deu

Criador de Tudo

Sem medo

Sem vingança

Imortal

Não nascido

Auto-iluminado

É pela graça do Guru

Repita e Medite!

Verdade no início

Verdade através de todas as eras

Verdade mesmo agora

Nanak diz que a Verdade será sempre.

 

Embora, para yogis avançados, o objetivo principal dos mantras seja preparar a mente para estados meditativos mais avançados, o princípio básico da recitação do mantra é basicamente usar o som para eliminar a desordem mental, facilitar a prática da meditação e criar um estado mais profundo de consciência, o que está acessível a qualquer pessoa comum. Um mantra permite ocupar a mente além dos pensamentos negativos, e assim recriar a realidade em que vivemos. Os mantras, então, não apenas têm o poder de evocar santidade ou positividade, mas também podem transformar a realidade de nossa percepção.

John Campbell, um professor de Ashtanga Yoga e professor de estudos religiosos na Universidade da Virgínia diz que “Mantras cruzam entre a energia incorporada do eu físico e a energia desencarnada do som. Quando trabalhamos em yoga, navegamos entre o corpo e a mente; o som é esse híbrido peculiar dos dois que é intangível e ainda assim vibratório.” Para Campbell, o som é a base da comunicação e, portanto, pode chamar e envolver especificamente a mente. Assim como o foco na própria respiração em Dharana, o foco no Mantra tem a capacidade única de atrair a mente para um grande foco”

 

Mantras em sânscrito comumente utilizados em Hatha Yoga e seus significados

Abaixo listamos alguns dos mantras mais importantes e conhecidos, mas certamente a lista é incompleta. Dedicaremos um espaço especial para acrescentar os mantras. Neste momento o objetivo é apresentar os principais associando-se às explicações mais teóricas que fizemos sobre o assunto. Seguem alguns importantes mantras da tradições da India, comumente utilizadas em Yoga.

Gayatri Mantra

Gayatri Mantra por Tina Malia

O Gayatri Mantra ॐभूर्भुवस्वः é o mais venerado mantra no Hinduismo. Uma fórmula tirada do Yajurveda, e o verso 3.62.10 do Rig Veda (que é um exemplo da métrica Gayatri). Gayatri mantra é encontrado em todos os quatro Vedas. O deva (divindade) invocado neste mantra é Savita, e conseqüentemente o mantra também é chamado de Sāvitrī. Amplamente proclamado na Índia e por hindus no mundo todo, a posição suprema do Gāyatrī Mantra é mais adiante potencializada pela proclamação do Senhor Krishna no seu discurso espiritual, no Bhagavad Gita, que entre todos os mantras, Krishna menciona o Gāyatrī. O Gayatri Mantra é proclamado no Bhagavad Gita como a Oração Universal, sem consideração de casta, credo ou sexo. É uma oração com o propósito de proteger qualquer indivíduo, e, quando expressado com imensa devoção e concentração, protegerá a pessoa. Gayatri é o mantra indiano mais popular, completo e poderoso, chamado por merecimento como Mantra da iluminação. Sua prática tem a chave para acessar a sabedoria Divina que encontra-se no plano espiritual.

“OM BHŪR BHUVA SVAR
TAT SAVITUR VARENYAM
BHARGO DEVASYA DHĪMAHI
DHIYO YO NAH PRACHODAYĀT”

“Ó DEUS DA VIDA QUE TRAZ FELICIDADE
DÁ-NOS TUA LUZ QUE DESTRÓI PECADOS
QUE A TUA DIVINDADE NOS PENETRE
E POSSA INSPIRAR NOSSA MENTE.”

Om: que todas as palavras do mantra sejam manifestadas
Bhur: Plano da Manifestação do Ser e o Esforço para a Manifestação da Vida;
Bhuva: destruição do sofrimento – ativar o chakra da garganta
Swah/Swaha/Svah/Svaha: Plano mental, o chakra da coroa. Em sânscrito, significa:”Que assim seja! Que se manifeste! O mesmo que AM, AUM, EU SOU, ou AMÉM” – confirmação que queremos receber a energia e a transformação do mantra
Tat: sílaba que atua no plano divino, pedindo para que aconteça
Savitur: brilhando como o sol
Surya: Sol – aquele que se auto ilumina e principalmente tem a sabedoria para preservar a luz
Varenayam: alguém que é merecedor de ser adorado
Bhargo: radiação da glória, a energia que acaba com o sofrimento, ignorância e miséria
Devasya: iluminação proveniente de Deus.
Dhimahi: meditamos diante a Luz
Dhiyo yo nah: desperte a grande visão, e consigamos enxergar e saber tudo
Prachodayat: sabedoria cósmica

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Om Namah Shivaya

Om Namah Shivaya por Krishna Das, (nascido Jeffrey Kagel, Nova York, 31 de maio de 1947), é um cantor norte-americano conhecido por suas performances de música devocional hindu, o kirtan (cantar os nomes de Deus) e mantras.

 Esta saudação a Shiva, senhor da destruição e transformação e um dos principais deuses da Trindade hindu (Brahma, Vishnu, Shiva) é talvez o mantra mais comum nas tradições hindu e yogi. “Om Namah Shivaya” é freqüentemente referido como “o mantra de cinco sílabas” – evocando os cinco elementos da existência: terra, água, fogo, ar e espaço. É um mantra védico considerado purificador e curador. Este mantra é particularmente potente devido à conexão de Shiva com a morte e a destruição. Um elemento-chave da filosofia yogi é chegar a um acordo com nossa própria mortalidade e a impermanência da existência. Om Namah Shivaya, então, não é apenas elevado no sentido de que aproxima o cantor do divino, mas também em sua afirmação corajosa: Eu me consolo até no caminho incognoscível e inimaginável de destruição.

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Om Mani Padme Hum

O SIGNIFICADO DO MANTRA OM MANI PADME HUM
Om Mani Padme Hum – a jóia da Flor de Lótus

Om Mani Padme Hum (ॐ मणिपद्मे हूँ) é um dos mantras do budismo; o mantra de seis sílabas do Bodisatva da compaixão: Avalokiteshvara. De origem indiana, de lá foi para o Tibete. O mantra é associado ao deus de 4 braços Shadakshari, uma das formas de Avalokiteshvara. O Dalai Lama é tido como uma emanação de Chenrezig (Avalokiteshvara), por isso o mantra é especialmente entoado por seus devotos e é comumente esculpido em rochas e escrito em papéis que são inseridos em rodas de oração (“mani korlo” em tibetano) para potencializar seu efeito. É o mantra mais entoado pelos budistas tibetanos.

Om Mani Padme Hum

É um dos mantras mais comumente cantados no mundo. Cada criança tibetana aprende Om Mani Padme Hum por seus pais, e muitos budistas tibetanos cantam o mantra como parte de sua prática ritual, milhares de vezes por dia. Seu significado, conforme traduzido pelo Dalai Lama, é: “A joia está no lótus, ou louvor à joia no lótus”. O lótus, na tradição yogi simboliza a profunda capacidade de transformação: emergir da lama e florescer em uma flor de mil pétalas. A Flor de Lótus é um símbolo do caminho espiritual. O mantra é sobre compaixão e universalidade. Milhões de pessoas em todo o mundo cantam este mantra, aqueles que o cantaram no passado e os que estarão cantando no futuro.

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Lokah Samastah Sukinoh Bhavantu

Lokah Samastah Sukhino Bhavantu por Daniel Menegetti
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Este canto hindu e budista, que surge dos Vedas, foi traduzido mais comumente como: “Que todos os seres sejam felizes e que meus pensamentos, palavras e atos contribuam para a felicidade de todos os seres.” O princípio e o fim de tudo para o propósito yogi, bem como uma clara personificação do que o 14º Dalai Lama gosta de chamar de prática espiritual de “interesse próprio iluminado”. Nós cantamos por nossa própria transformação pessoal, não porque pessoalmente desejemos a iluminação, mas sim para que possamos contribuir para a transformação global que irá aliviar o sofrimento e anunciar a igualdade.

Mantras em Inglês

Existem diversos mantras em outras línguas, em especial, originados nas civilizações ancestrais. Esta canção abaixo, de origem incerta, provavelmente pagã, tem propósito, significado, métrica e é bastante poderosa, pelo que eu particularmente, considero um mantra, embora esteja na língua inglesa.

The River is Flowing

The River is flowing – Gila Antara

The river is flowing, flowing and growing
The river is flowing back to the sea
Mother Earth care me, your child I will always be
Mother Earth care me, back to the sea

Care me…back to the sea.

O rio está fluindo, fluindo e crescendo
O rio está fluindo de volta para o mar
Mãe terra cuide de mim, sua criança, eu sempre serei
Mãe terra cuide de mim, de volta ao mar

Cuide de mim … a voltar para o mar …

Ho’oponopono

Hoʻoponopono (ho-o-pono-pono) é uma prática havaiana antiga, com vista à reconciliação e ao perdão. Práticas semelhantes de perdão eram feitas em diversas ilhas do Sul do Pacífico, incluindo Samoa, Taiti e Nova Zelândia. Tradicionalmente o hoʻoponopono é praticado por sacerdotes de cura ou kahuna lapaʻau em membros de uma família onde existe uma pessoa fisicamente doente. Versões modernas são executadas na família por um membro mais idoso, ou apenas pelo próprio indivíduo

A prática do ho’oponopono não requer muitos ensinamentos, mas serve para purificar o próprio corpo e se livrar de memórias ou sentimentos ruins, que prendem a mente em uma sintonia negativa. Por trás de toda situação, todo acontecimento e todo encontro que ocorre na vida, uma memória é guardada. A finalidade do Ho’oponopono é liberar as memórias que possam impor obstáculos na vida da pessoa ou ser fonte de dor, pesar ou sofrimento.

A prática moderna do ho’oponopono é composta por quatro frases principais, que arranjadas adequadamente como no video aqui indicado funcionam como um Ashtanga Mantra (oito partes formados pelas quatro frases mais Ho’po no po no

  • I’m sorry (Sinto muito)
  • Please forgive me (Por favor, me perdoe)
  • I thank you (Sou grato)
  • I love you (Eu te amo)

Sinto muito : Você assume a responsabilidade pelos atos da sua vida
Me perdoe: Você pede perdão a você mesmo e a Deus
Eu sou grato: Você se mostra grato e confiante que a questão será resolvida para o bem maior de todos
Eu te amo: Você se reconecta com o amor e permite que ele flua na sua vida

Como a própria canção diz: “Estas são as palavras especiais que Deus deu a todos nós…”

Mantras em Português

Eu e Deus somos Um

Eu e Deus, Eu e Deus, Somos Um, Deus e Eu
Eu e Deus, Eu e Deus, Somos Um, Deus e Eu

So Ham, So Ham, So Ham, So Hammm
So Ham, So Ham, So Ham, So Hammm

God and I, God and I, We are the One, God and Me
God and I, God and I, We are the One, God and Me

 

Conclusão

Existe algum preconceito relativo aos mantras, na maior parte por desconhecimento, por não serem tão habituais na cultura ocidental, e principalmente por estarem, na sua maioria, em linguagens desconhecidas para a maioria das pessoas, que gera um certo desconforto por não entenderem o que significam.

Alguns mantras invocam divindades, é verdade, e dependendo da tradição religiosa de uma pessoa, isso possa gerar alguma barreira pelos costumes e crenças. Ainda assim, sempre é possível escolher dentre a diversidade de Mantras, hoje disponíveis publicamente, algum(ns) que lhe tragam a tranquilidade e o conforto para utilizar. Importante a escolha por todos os motivos que comentamos nesse texto, mas de forma geral, Mantras trazem um benefício intrínseco inestimável: são ferramentas extremamente potentes para centrar a mente, aumentar a consciência, desenvolver a robustez psicológica, e consequentemente um veículo para a humanidade interagir com sua espiritualidade.

Embora esses mantras estejam vinculados a uma tradição religiosa específica, o poder do som é universal, independe de tradições. E praticamente todas as tradições espirituais têm o som como um componente-chave da prática e da conexão com o divino ou sagrado. O mantra mais importante de todos, Om, é completamente não denominacional e não religioso no sentido de que seu simbolismo básico é a própria criação. A criação e a evocação de suas propriedades não pertencem a nenhuma tradição religiosa. O importante é encontrar um que lhe traga o conforto e a tranquilidade para praticá-lo e sentir-se bem. Certamente lhe trará muitos benefícios, sejam eles físicos, mentais, bem como espirituais.

Futuramente, dedicaremos um espaço aqui para a divulgação de mantras de diversas tradições, conforme seu propósito e sua indicação. Enquanto isso, você já tem a informação mínima necessária para fazer suas próprias buscas. Om Namo namo! 🙂 Nos vemos em Breve 😉

 

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