LUZES, INFORMAÇÃO, AÇÃO!!!
Bhakti, Jnana, Karma!
Olá!
No último encontro detalhamos como a nossa Mente é modelada segundo a visão do Yoga Clássico, separando-a em partes que se comunicam “para fora” com o mundo físico e “para dentro” em seu aspecto mais buddhico, que está em contato com nossa Luz Interior da Consciência.
Nessa oportunidade iremos explorar, como o Yoga Clássico nos orienta sobre como experimentar as diferentes partes da nossa mente de forma assertiva, com objetivo de acessar estas camadas cada vez mais internas, na busca pela nossa verdadeira essência, com objetivo da nossa auto-realização.
O paradoxo da existência humana é que precisamos desta experiência como um indivíduo, social, aparentemente separado e auto-suficiente, dos seus estímulos exteriores e desafios de convivência com os demais seres, natureza e indivíduos, para que assim, confrontados com esta realidade, possamos nos encontrar dentro de nós mesmos. É preciso nos individualizarmos, através do ego, nesta experiência terrena para, a partir de uma visão individual, separada do objeto que estamos observando, estudando, para apenas assim, conseguirmos nos dar conta que somos, de fato, parte de um todo. Esta compreensão só pode se dar por experiência pessoal. Não é possível entendê-la, sem experimentar e vivenciar. A maior parte das pessoas não entenderá pelo simples fato que não está interessada em experimentar, pois está distraída apenas com os estímulos exteriores e não tem ideia, nem interesse, de como ir adiante. O Yoga Clássico, por sua vez, nos oferece um mapa, milenar, utilizado por sábios de dezenas de gerações, para que possamos nos orientar nesse caminho de autoconhecimento e auto-realização. Podemos dizer que o Yoga é uma força-tarefa para tirar o véu da ilusão (Maya) e nos permitir compreender a existência autêntica. Vamos explorar esse “mapa da mina”.
O caminho tríplice do Yoga
Um dos textos mais antigos que se tem registro, e que faz parte da tradição Hindu, é o Mahabharata. É um dos dois maiores épicos clássicos da Índia, juntamente com o Ramáiana. Sua autoria é atribuída a Krishna Dvapayana Vyasaque. Possui mais de 74 000 versos em sânscrito e mais de 1,8 milhões de palavras. Pode ser tão antigo quanto 1500-2000 aC, embora diga-se mais comumente 900-1000 aC. Entretanto a sua origem está ligada à tradição oral na Índia, que remonta há mais de cinco mil anos. Alguns autores o consideram o texto sagrado de maior importância no hinduísmo. Um verdadeiro manual de psicologia-evolutiva do ser humano. A obra discute o tri-varga ou as três metas da vida humana: kama ou desfrute sensorial, artha ou desenvolvimento econômico e dharma, a religiosidade que se resume a códigos de conduta moral e rituais. O título pode ser traduzido como “a grande Índia” (literalmente “a grande dinastia de Bárata“), mas o sentido verdadeiro é o de elucidar o grande trajeto percorrido pelo eu (atman) nesta criação material e fora dela. A obra contém todos os aspectos do hinduísmo e todos os fundamentos da filosofia advaita.
Um subconjunto dos capítulos do Mahabharata representam a Bhagavad Gita, a Canção Divina. Na Bhagavad Gita, o caminho do Yoga é revelado por Krishna (divindade) a Arjuna (guerreiro que representa a humanidade), sobre 3(três) alicerces principais para que o ser humano busque trilhar o caminho à perfeição, 3(três) domínios do esforço humano para buscar à perfeição – As Ações/Atitudes (Karma), o Conhecimento/Sabedoria (Jnana) e a conexão com o divino/eterno, a Devoção/Entrega (Bhakti).
Abaixo, de uma forma didática, como estão dispostos os capítulos da Bhagavad Gita:
Chapter 1-6: KARMA YOGA, o Yoga da Perfeita Acão – A alma individual se realiza na Alma Original através de suas ações
Chapter 7-12: BHAKTI YOGA, O Yoga da Devoção – A alma individual se realiza na Alma Original através da sua devoção
Chapter 13-18: JÑÂNA YOGA, o Yoga do Conhecimento Espiritual – a alma individual se realiza na Alma Original através do conhecimento e da sabedoria
E igualmente está escrito no Yoga Sutra 2.1 de Pátañjali तपः स्वाध्यायेश्वरप्रणिधानानि क्रियायोगः tapaḥ svādhyāy-eśvarapraṇidhānāni kriyā-yogaḥ
“A prática caracterizada pelo rigor e vigilância em relação a si mesmo, sem apego ao resultado, é conhecida como Kriya (purificação) yoga”
A prática -> Karma Yoga -> o Yoga da ação – Ações, atitudes, comportamentos – foco na ação / momento presente / aqui agora, Dharma – agir reto e certo – de acordo com a sua essência e quem você verdadeiramente é – baseado no seu propósito – atento ao estilo de vida, respeito com seu corpo, com sua mente, à Natureza, aos demais seres, atento aos Gunas, os modos da natureza material e suas consequências – este é o Yoga da Ação
A vigilância a si mesmo -> auto-estudo -> Jnana Yoga – Yoga do conhecimento, da Sabedoria – Krishna (divindade) diz: “Aquele que me conhece torna-se naturalmente meu devoto” – o Yogi usa a sua mente para investigar sua natureza. É por exemplo, o que estamos fazendo neste momento, neste espaço.
Sem apego a resultado -> entrega, devoção -> Bhakti Yoga -> Yoga do Amor – Caminho da Devoção – Krishna diz: “Tudo o que você fizer, faça como uma oferenda a Mim” – “If you can’t see god in all you do not know god at all” – “Aqueles que fixam sua mente em mim e apenas eu habito em seus pensamentos; e aqueles que cantam minhas glórias com amor e devoção; e aqueles que têm fé completa em mim são os melhores.”
Como resumo de hoje, queremos mostrar que existem diferentes habilidades a desenvolver no caminho do autoconhecimento e da auto-realização. Ação, Conhecimento e Respeito. Habilidades que podem e devem ser desenvolvidas em paralelo e em equilíbrio. Nossas ações, nossa investigação e nosso respeito em relação ao que é Maior.
Na próxima oportunidade, vamos explorar esses alicerces em mais detalhes e falaremos sobre o caminho Óctuplo ou Ashtanga para investigar e praticar os 3(três) alicerces em abordagem prática, buscando nosso caminho no Dharma, no nosso Propósito, rumo à auto-realização.
Um abraço e até lá! 🙂
Créditos:
Imagens:
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“A Tradição do Yoga” – George Feuerstein
“Preparação para a Yoga” I.K. Taimni
“Bhagavad Gita” – tradução e notas Huberto Rohden
https://www.ashtangayoga.info/philosophy/source-texts-and-mantra/yoga-sutra/chapter-2/
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