Entender quem somos é um tema central no Yoga, conforme comentamos quando conversamos sobre como ser/ter equilíbrio em nossas vidas, em nossas decisões, para que sejam decisões acertadas e nos alavanquem positivamente.
Autoconhecimento, o objetivo maior deste espaço, é o processo de investigação para buscarmos nosso entendimento sobre quem de fato somos. No texto passado, refletindo sobre os primeiros quatro aforismos dos Yoga Sutras de Patañjali, entendemos que para iniciar a compreensão de quem somos, precisamos cessar a agitação mental.
Pois bem, vamos entrar num detalhe mais prático sobre isso. Nossa mente funciona, numa analogia bastante simples, como um processador de um computador, que interpreta aquilo que lhe é disponibilizado através dos estímulos de entrada (teclado, mouse, sensor, programa na memória a ser executado, etc) e finalmente associa, calcula, interpreta e entrega um resultado, uma ação. Assim também funciona nossa mente, como um complexo computador, onde dependendo das variáveis de entrada que colocamos, se traduzem em estímulos que chegam através dos nossos sentidos (tato, visão, olfato, audição, paladar), mais os programas que foram criados e estão armazenados e condicionados ao longo da nossa existência, produzem conclusões, ações e reações que definem o que pensamos, e o que fazemos a partir destes pensamentos.
É interessante observar o comportamento da nossa mente através de um exercício bastante simples. Assim como faríamos com um computador, defina uma atividade simples a ser executada pela sua mente. Por exemplo, observar a sua própria respiração. Ou seja perceba que o ar executa um caminho desde a entrada pela suas narinas, você pode senti-lo levemente tocando suas narinas ao entrar por elas, logo perceba que ele desce pela sua traqueia indo em direção aos pulmões e o preenche, fazendo seu peito estufar para acomodar o ar. Em seguida, seu diafragma se contrai, e você começa a expulsar o ar do seu organismo, com o mesmo fazendo agora um caminho inverso, passando por todo o seu sistema respiratório, esvaziando os pulmões até sair pelas narinas. Pois bem…. durante quanto tempo você consegue manter a concentração neste ar que entra e sai, em todo o seu trajeto. Experimente fazer o teste. Tenho certeza que após algumas poucas interações entre ar entrar e sair, você estará divagando e pensando em coisas que fez ou que precisa fazer, ou imaginando milhares de outras coisas, menos aquilo que tinha se proposto a fazer: acompanhar o ar entrar e sair do seu sistema respiratório, de seu corpo. Agora, lhe pergunto: se você definiu esta atividade simples para sua mente realizar, e de repente, ela autonomamente, mudou seus planos e executou uma atividade diferente… quem está no controle você ou sua mente?!?! E se existe esse conflito entre o seu comando e a execução, então pergunto: Você e a sua mente são a mesma coisa?! Não parece fazer sentido…
Excelente. O exercício que acabou de fazer não é nada mais que uma Meditação. Adiante falaremos bastante de Meditação e suas diferentes técnicas, ferramenta essencial para autoconhecimento. De momento, a compreensão, ainda que possa ser surpreendente para alguns, que você é muito mais que apenas a sua mente ordinária, é extremamente importante para o trabalho de Autoconhecimento, pois permite que você possa dar-se conta que muitas das suas ações acontecem de forma reativa, condicionada por situações passadas e não necessariamente alinhadas com a sua vontade no momento presente. Em outras palavras: “A mente… ah parece que… essa mente mente”
No próximo texto iremos explorar mais essa máquina de pensar: a mente, sua importância e como fazer dela uma aliada e não uma vilã no nosso processo evolutivo. Falaremos sobre a mente e o ego... Até lá!
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