Olá!

No último encontro, apresentamos o Triplo Alicerce que sustenta o caminho do Yoga: Karma (Ação) Yoga, Jnana (Conhecimento) Yoga e Bhakti (Devoção) Yoga. São as formas através das quais podemos buscar e realizar nosso propósito. Para tanto, é preciso Agir, com Conhecimento de causa e Reconhecendo que somos Parte do Todo Divino. Não é possível a auto-realização sem ação, nem sem correto entendimento, nem sem gratidão à sua Origem.

Hoje iremos entender em quais disciplinas iremos praticar, entender e ofertar de uma forma sistemática, conforme explicitado nos Yoga Sutras de Pátañjali.

Lemniscata – o Infinito

As disciplinas são 8 (oito). Oito é um número sugestivo. Seu símbolo equivale a uma Lemniscata girada em 90 graus. Lemniscata é o símbolo do Infinito. Conquistar as oito disciplinas o fará conquistar o infinito. Em sânscrito, oito é ashta e membro é anga, portanto Ashtanga significa oito membros ou oito partes. O caminho do Yoga que contém suas oito partes, também é conhecido como Raja Yoga ou Yoga Real.

Quando Raja Yoga é praticada em todas as suas partes, refinamos e estabilizamos todos os aspectos da nossa vida, e isso nos leva para dentro, ao encontro da nossa Luz Interior da Consciência. As partes ou ramos do Yoga vão do exterior para o interior. De forma que o primeiro ramo do Yoga, por exemplo, governa como nós interagimos com as demais pessoas, o segundo ramo, sobre como nós nos cuidamos e, cada vez mais para dentro, até que o ramo mais interno governa como entramos em contato com a nossa Luz Divina Interior. Portanto, é um caminho de fora para dentro, do denso ao sutil. Uma vez que você se conecta com sua Luz Interior, então pode irradiar novamente para fora e afetar positivamente aos demais. Praticando as oito partes do Yoga você cultiva a orientação interior, sua paz interior, e um contentamento que se irradiará a partir de você. Você tornar-se-á um farol para iluminar também o caminho dos demais.

No Yoga Sutra II.29, Pátañjali apresenta os oito ramos do Yoga:

यम नियमाअसन प्राणायाम प्रत्याहार धारणा ध्यान समाधयोऽष्टावङ्गानि

yama niyama-āsana prāṇāyāma pratyāhāra dhāraṇā dhyāna samādhayo-‘ṣṭāvaṅgāni

Os membros do caminho óctuplo são os seguintes: i) respeito pelos outros (yama); ii) respeito por você mesmo (niyama); iii) harmonia com seu corpo (asana); iv) sua energia (pranayama); v) seus pensamentos (dharana); e vi) suas emoções (pratyahara); vii) contemplação (dhyana); viii) êxtase (samadhi)

Ashtanga – os 8 ramos do Yoga

Yoga é uma ciência que oferece uma série completa de práticas através destas oito partes que qualquer pessoa pode seguir. Independente de qual a sua crença religiosa, seus dogmas, não existe restrição. Como verá adiante ela abarca os princípios morais que estão presentes em todas as tradições religiosas sérias. Vejamos em detalhe cada um dos oito ramos do caminho Óctuplo, o caminho para auto-realização.

1) Yama – interação com demais seres – ética social – o propósito, gentileza com que se dirige às demais pessoas, aos demais seres. Como você navega entre diferentes personalidades e as trata bem, indiferente de qual seja. É o ramo mais externo, mais denso. Palavra-chave: EMPATIA

2) Niyama – seus cuidados pessoais – cuidar dos seus padrões comportamentais, dos seus hábitos, em especial dos hábitos negativos. Palavra-chave: ATENÇÃO

3) Asana – embora seja o que as pessoas em geral acreditem ser o Yoga, Asanas são uma parte muito pequena do yoga. É a parte dedicada ao corpo físico. São as posturas, praticadas com objetivo de deixar o corpo em ordem, preparado para as práticas de meditação sentadas. Palavra-chave: DISCIPLINA

4) Pranayama – agora você começa a entrar na próxima camada, um pouco mais sutil do seu ser, a respiração – Prana é a força vital – Pranayama é a prática de controlar sua força vital através das técnicas de respiração. Através das práticas de Pranayama você consegue acalmar seu sistema nervoso. Assim, você é capaz de sentar-se tranquilamente em uma postura meditativa. Palavra-chave: TRANQUILIDADE

5) Pratyahara – pode ser entendida como uma prática ou como apenas um efeito colateral a partir das práticas anteriores – trata-se do refinamento das percepções, evitando que sons ou cheiros ou contato nos distraia, para que possamos chegar nos próximos 3 ramos (conhecidos como ramos interiores ou sumyama, que significa sintonizar-se interiormente). Palavra-chave: CONCENTRAÇÃO

6) Dharana – habilidade para controlar seu foco, você aprende como ajustar o seu foco a uma ação determinada, sem interferências. Palavra-chave: FOCO

7) Dhyana – uma vez que você estabeleceu o foco, agora você precisa manter este foco – você se torna um mestre em manter este foco. Palavra-chave: RESILIÊNCIA

8) Samadhi – é onde sua consciência de fato se torna o objeto em que você está focando – do seu ponto de vista, não existe diferença – é quando você realmente experimenta a sua Luz Interior da Consciência. Palavra-chave: ÊXTASE

O objetivo de praticar e desenvolver o caminho Óctuplo é purificar-se, desenvolver-se espiritualmente, rumo ao seu Propósito e conectar-se com a Luz Interior da Consciência. Ao longo deste caminho, você corre o risco de ter alguns efeitos colaterais que imagino, não serão um empecilho: você terá um corpo muito mais saudável, uma mente mais sadia, maior facilidade em lidar com as coisas, com o dia-a-dia, com as pessoas, irá tornar-se uma pessoa muito mais feliz.

Na próxima oportunidade, quero compartilhar e detalhar com vocês cada um destes ramos, iniciando pelos Yamas, em particular um muito importante Ahimsa, princípio da não violência…

Nos vemos em breve!

Créditos:

www.pexels.com

“Introduction to Yoga Sutras” – Nicolai Bachman”

You may also like

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *